Era uma vez, na longínqua China do século XX, um império em frangalhos e um povo cansado de ser saco de pancadas de todo mundo. A Dinastia Qing, mais perdida que cego em tiroteio, caiu de podre em 1912, dando lugar à República da China. Mas, como diria minha avó, "trocou seis por meia dúzia". A república era um caos, com senhores da guerra brigando feito crianças por um doce e o Japão dando uma de valentão no recreio.
Nesse cenário digno de pastelão, surge o Partido Comunista Chinês (PCC), liderado pelo bigodudo Mao Tsé-Tung. Com um discurso mais inflamado que fogueira de São João, o PCC prometia terra para quem não tinha onde cair morto, igualdade para todos (menos para os inimigos, é claro) e dar um chega pra lá nos estrangeiros abusados.
Enquanto isso, o Kuomintang, o partido no poder, mais perdido que barata tonta, tentava segurar as pontas. Mas, como diz o ditado, "quem não tem competência, não se estabelece". Em 1934, o PCC, acuado feito gato em telhado, meteu o pé na estrada na épica Longa Marcha. Andaram mais que peão de obra em dia de pagamento, mas sobreviveram e voltaram com sangue nos olhos.
Aí veio a Segunda Guerra Mundial, e o PCC e o Kuomintang, mais unidos que unha e carne (só que não), se juntaram para dar um pau nos japoneses. Mas, assim que a guerra acabou, a amizade foi para o espaço, e a guerra civil começou.
Em 1949, o PCC, com Mao no comando, deu um baile no Kuomintang e proclamou a República Popular da China. Aí, meu amigo, a coisa mudou de figura. Reforma agrária, coletivização, nacionalização... Mao virou o país de cabeça para baixo, mais rápido que mágica de circo. A China, antes um gigante adormecido, acordou com fome de dragão e virou potência mundial.
Mas nem tudo foram flores. O "Grande Salto Adiante" foi um salto no escuro que deixou milhões morrendo de fome. E a Revolução Cultural... Ah, essa foi uma bagunça digna de Carnaval fora de época, com perseguição, caos e mais mortes. Mao, com seu jeitão de "pai dos pobres", acabou virando um ditadorzinho de mão cheia.
Hoje, a China é um paradoxo ambulante. O PCC continua no poder, mas a economia é mais capitalista que a Coca-Cola. Tem gente nadando em dinheiro e gente contando moedas para comprar arroz. Mas, no geral, o país cresceu mais que bambu em chuva de verão e se tornou um player de peso no mundo.
A Revolução Comunista Chinesa, com seus tropeços, acertos e reviravoltas, é uma história para ninguém botar defeito. E a China de hoje, com seus arranha-céus e sua gente trabalhadora, é a prova de que, mesmo com um começo meio atrapalhado, dá para chegar longe.
Fontes:
SPENCE, Jonathan D. Em busca da China moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.COGGIOLA, Osvaldo. A revolução chinesa. São Paulo: Moderna, 1985.
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